segunda-feira, dezembro 14, 2015

what is that song you sing for the dead?


estava escutando a rádio de artistas similares de nick drake no deezer, quando essa música aí em cima começou tocar. o som do violão e os vocais chamaram minha atenção na mesma hora, principalmente o refrão tão doce: “be my rest, be my fantasy”. quando fui olhar de quem era, mal pude acreditar... como assim sufjan stevens?

minha experiência com sufjan envolve um som ultra-orquestrado dos discos “the age of adz” ou “illinois” e ele usando asas no festival primavera sound em barcelona (que, por sinal, foi um dos shows mais concorridos por lá em 2011). sincronizei o “carrie & lowell” logo depois de ter escutado “should have known better” e me apaixonei em três segundos.

fiquei ainda mais impressionada depois de ter pesquisado um pouco e ter descoberto que o disco foi feito em homenagem à mãe do músico, carrie, e ao seu padrasto, lowell.  carrie, que era bipolar e sofria de esquizofrenia, morreu em 2012 por causa de um câncer de estômago. o disco todo fala do relacionamento conturbado com sua mãe na infância e como, hoje em dia, ele se arrepende por não ter tentado se reaproximar dela mais cedo. depois de saber dessas coisas, escuto as músicas de uma forma diferente, completamente imersa numa tristeza e uma profunda sensação de incapacidade, principalmente quando ele fala na música aí em cima: “i should have wrote a letter/ explaining what i feel, that empty feeling”. pelo menos sufjan conseguiu transformar essas experiências difíceis em músicas tão bonitas... além dessa do vídeo também não paro de ouvir "death with dignity", "eugene" e "the only thing".

um dos melhores discos de 2015, na minha opinião e, com certeza, o melhor que já ouvi de sufjan stevens.

terça-feira, dezembro 08, 2015

veneza

fiquei meio arrependida de ter escrito um post tão pequeno sobre a itália, enquanto tiveram tantos detalhes que me chamaram atenção. para me redimir comigo mesma, aqui estou eu de novo.

acho que, depois de tóquio, não tinha visitado uma cidade que me causasse tanta estranheza como aconteceu em veneza. e eu, simplesmente, não esperava por isso. fui pega de arrebatamento naquele um dia e meio que passei por lá. principalmente, por ter nascido e crescido na chamada "veneza brasileira" que, depois dessa visita, deu pra ver que forçaram bem a barra ao colocar esse apelido no recifinho.

eu sabia que não passavam carros nas ruas, mas outra coisa é estar lá naquelas ruas estreitas cheias de gente indo e vindo e descobrir que cada micro-ilha da cidade foi construída para ser independente das outras. por isso, veneza é cheia de igrejas, uma pra cada ilhota ou "campo", e cheia de becos, por que eles construíam o máximo que podiam para então construir uma ponte e começar tudo de novo na próxima ilha. e nesses becos, eu me perdi e me encontrei umas mil vezes, por que o gps não funciona e, para piorar, tava a maior neblina. por pouco não caí naquela água suja de tanto andar por caminho errado com a cara enfiada no celular, tentando seguir algum caminho maluco do google maps.

outra coisa que me chamou muita atenção foi imaginar que, dependendo da fase em que a lua estava, aquelas ruas que eu estava andando estariam complemente cobertas de água. por isso, eles sempre deixam a mão umas espécies de palanques que são montados nesses dias alagados para fazer uma espécie de ponte para poder ajudar as pessoas a transitarem nas ruas. ainda bem que não estive lá em um dia de "acqua alta", como eles chamam o fenômeno que até deu nome à livraria, que se considera a mais bonita do mundo (há controvérsias). só espero que nos próximos 300 anos descubram uma maneira de impedir que essa cidade tão linda, que afunda alguns centímetros todo ano, não fique completamente coberta por água.

voltando às minhas experiências  na cidade, teve um momento em que eu tentei deixar a tecnologia de lado um pouco e fui seguindo as placas para chegar na ponte de rialto ou na praça de são marcos, mas acabei andando em círculos durante um tempão. queria mesmo era ter mais tempo em veneza para me perder bem muito e sem pressa me achar de novo. por que cada ilhazinha daquela tinha um charme só seu e gostaria muito de explorar as pontas e ver as gôndolas passando pelos canais e, quem sabe, até passear em uma (não deu tempo desta vez). ah... também faltou murano e burano, mas sei que haverá outra oportunidade.

terça-feira, dezembro 01, 2015

para itália, com amor

cheguei à itália já sabendo que ia gostar. fiquei até com medo de me decepcionar, pois as expectativas eram tão altas. mas o que podia dar errado se havia toneladas de carboidratos e vinho garantidas?

se tem uma coisa que aprendi nas minhas viagens é que, por mais que eu ame londres e tenha adorado berlim, é só chegar em um país latino que eu já me sinto em casa. falaram que roma era bagunçada, mas e daí? eu curto uma baguncinha mesmo... é só dar uma olhada no meu quarto. e qual o problema do povo falar alto e gesticulando, se eu me comporto do mesmo jeito? :P

mas o mais emocionante foi ver aquelas construções de três mil anos atrás ali em pé e sendo conservadas, enquanto, aqui em recife, os governantes fazem vista grossa a cada casarão centenário que é derrubado para dar lugar a outro banheiro de trinta andares. melhor ainda foi descobrir que, em veneza, elem proíbem a destruição dos prédios históricos e até um hospital teve que ser construído por trás de um deles para manter a identidade histórica da cidade. por que o povo daqui não aprende com eles, hein?

pena que os dias passaram depressa, pois, se dependesse de mim, eu ainda estaria até agora passeando pelas ruas de florença e roma, ou me perdendo nos becos de veneza, com os moços barbudos e charmosos dizendo “ciao bella”, quando a gente passava. ah... e comendo todos os tipos de massa acompanhados de funghi porcini (a grande paixão alimentícia da viagem) com vinho da casa (e tiramissu ou gelatto de sobremesa).