quarta-feira, abril 27, 2016

apenas respire

ontem, completei trinta dias meditando todos os dias (31 hoje) e é impressionante o efeito positivo da minha dedicação. não foi nenhum milagre, mas sinto que tenho passado menos tempo sendo consumida pela ansiedade, que sempre foi uma companheira constante na minha vida. e digo que me sinto melhor (não curada, infelizmente), principalmente porque, levando em consideração o cenário político absurdo do país, eu estou conseguindo lidar com mais calma as coisas que acontecem e que não são nem um pouco do meu agrado, nem estou saindo por aí brigando com os reaças mais próximos (como aconteceu na época das eleições).

todo dia, eu separo uns minutinhos, sento e simplesmente me concentro na minha respiração. de acordo com o que me ensinaram, a ideia não é esvaziar a cabeça dos pensamentos, mas observar quando eles surgem e deixá-los ir embora, sem se apegar a eles. o objetivo disso é aprender como a mente funciona e ver como estamos apegados a arrependimentos do passado ou estamos focados demais nas coisas que queremos para o futuro e nos esquecemos de viver o momento presente. e também esquecemos que quando o futuro chegar (se chegar), ele será o presente e a vida vai passar sem que a gente nunca aproveite de verdade.

quando comecei a meditar, cinco minutos era o máximo tolerável. ficava ansiosa até com o fato de ter que ficar parada: o nariz coçava, o pescoço doía, dava sono... nunca pensei que fosse tão difícil ficar sem fazer nada. mas, com o tempo, foi ficando mais fácil e, agora, já consigo passar mais de trinta minutos com certa facilidade.

o interessante é que a meditação para mim, assim como minha relação com o budismo, não tem nada de religioso. não tem nada a ver com fé em algo desconhecido, que vai melhorar minha vida num passe de mágica ou que me promete mundos e fundos para depois da morte. eu apenas tenho aprendido a viver melhor, com a vida que tenho hoje. e quanto mais eu frequento palestras e leio livros, mais eu sinto que estou no caminho certo.

ainda não sou capaz de olhar para eduardo cunha e imaginá-lo sentado na flor de lótus e ainda falta uns cinquenta anos para eu completar minhas cinco mil horas de meditação para alcançar a iluminação, mas um dia eu chego lá. :P

(ou não... desde que eu consiga viver melhor minha vidinha simples, tá de bom tamanho)

segunda-feira, abril 18, 2016

life is unfair, kill yourself or get over it

“i, on the other hand, still might not be considered a proper adult. i had been very grown-up in primary school. but as i continued through secondary school, i in fact became less grown-up. and then as the years passed, i turned into quite a childlike person. i suppose i just wasn't able to ally myself with time.”
(hiromi kawakami - the briefcase)

acho a vida adulta uma coisa realmente assustadora. não me adapto. acho que não sei o que estou fazendo a maior parte do tempo e me sinto triste por não me sentir muito "adequada".


mais assustador ainda é descobrir que as outras pessoas estão tão perdidas quanto eu por aí. por que, por mais que suas vidas pareçam aquele comercial de margarina no facebook, quando você chega mais perto e troca dois dedos de prosa, percebe logo que não é bem assim. muita gente decepcionada com as escolhas que fizeram na vida, alguns que têm uma carreira que muitos invejam estão insatisfeitas com seu trabalho, muitos casamentos que pareciam "para sempre", pelo menos para quem está do lado de fora, se acabam (ou se arrastam numa mentira eterna por que um não quer magoar o outro) e outras pessoas passam por perdas terríveis de uma hora pra outra, sem que haja maiores explicações... simplesmente acontece.


eu confesso que fico realmente impressionada quando tenho umas conversas sinceras com algumas pessoas. tenho certeza, inclusive, que se eu tivesse a oportunidade de trocar ideias, assim de peito aberto, com mais gente, sei que iria descobrir que muitos arrastam uma frustração grande com a vida que levam e acham que só seria feliz em outras circunstâncias.


e qual a conclusão bastante óbvia disso tudo? é que o jeito que todos nós encaramos a vida está completamente errado. (pelo menos o meu está e muito). e andamos pelo mundo sozinhos e assustados, sem saber muito bem o que fazer dos nossos dias.


o que é ser adulto? o que é ser "adequado", afinal?


acho que a melhor resposta, até agora, veio das palestras no centro de estudos budistas que tenho frequentado. era algo como liberar aquilo que você pensa que é, para ser o que realmente é (não lembro as palavras exatas). pode parecer uma besteira, mas desde que escutei isso, alguma coisa mudou por aqui. e estou sentindo uma mini revolução ocorrendo dentro de mim.


isso não quer dizer que, num passe de mágica, tudo ficou melhor e eu estou me sentindo ótima no mundo. mas foi um primeiro passo... outro está sendo não esquecer que estamos todos juntos nesse barco furado, tentando ser felizes.