segunda-feira, maio 30, 2016

das resoluções de ano novo (em construção)

“but i have my life, i’m living it. it’s twisted, exhausting, uncertain, and full of guilt, but nonetheless, there’s something there.”
(banana yoshimoto, the lake)

sei que já estamos quase na metade do ano, mas as minhas grandes resoluções de ano novo foram tomar coragem, comprar um apartamento e sair da casa dos meus pais.

ainda estou na etapa de tomar coragem, até por que é muito cômodo para mim continuar na inércia. é como um amigo meu sempre diz: na casa dos pais tudo acontece num passe de mágica... as roupas se lavam, a comida se faz e o quarto se arruma. :P

mas, deixando as brincadeiras de lado, acho que, em parte, posterguei a minha saída de casa por que sempre achei que iria passar em um concurso melhor, tipo para juíza ou procuradora, e achava que me mudar iria atrapalhar meus estudos. mas a verdade é que, os anos passam, e menos vontade eu tenho de estudar para essas provas. demorei muito para perceber que a minha vontade de ter um cargo desses tinha muito mais a ver com vaidade do que com vocação, então resolvi deixar de lado. e abandonar essa ideia fixa me fez um bem danado, pois me senti livre para dedicar meu tempo a coisas que me faziam mais feliz, como passar as manhãs estudando uma língua nova ou lendo os trocentos livros que eu sempre quis ler.

outro motivo que me fez correr da obrigação de pagar uma parcela de um apartamento, foram as minhas viagens. desde que comecei a ter meu próprio salário, comecei a viajar feito louca. mas se tem uma coisa que sempre foi uma constante na minha vida foi o meu sonho de conhecer o mundo. começou quando eu tinha oito anos e meu pai perguntou se eu queria passar quinze dias em brasília na casa de uma tia que eu mal conhecia e lá fui eu viajar de avião pela primeira vez... sozinha.

porém, achei meio sintomático o fato de ter feito quatro viagens internacionais no ano passado. e, apesar de as viagens todas terem sido incríveis e de eu não me arrepender de nenhuma, confesso que me senti meio cansada. comecei a pensar se não estou precisando viajar menos para valorizar mais. por isso, minha intenção é fazer apenas fazer uma viagem internacional este ano. (vamos ver se consigo :P)

a viagem está se aproximando e, enquanto isso, eu passo horas nos sites com anúncios de imóveis, olhando os preços e sonhando. tenho vontade de visitar alguns apartamentos, mas fico meio em dúvida, por que só poderei fazer algo mais concreto quando voltar.

também sei que eu tenho um medo enorme a superar, que é um medo de crescer. e, enquanto eu morar na casa dos meus pais, apesar de ser servidora pública e ter mil responsabilidades, não parece  que eu cresci de verdade. mas sei que estou precisando urgentemente superar esse medo, até por que, sendo a dona da minha própria casa, tenho a sensação que será um pouco mais fácil viver a minha vida do jeito que eu entendo que é certo: como se estivesse casando comigo mesma. além disso, morar com os pais pode ser bom, muito bom, ótimo... até que fica muito ruim.

quarta-feira, maio 11, 2016

escritora?

uma amiga minha, sempre que me encontra, diz que eu tenho que voltar a escrever poesias.

pois é... há uns quinze anos eu vivia escrevendo e, surpreendentemente, algumas coisas que eu escrevi, eu gosto até hoje.

sempre que minha amiga vem com essa história, eu confesso que fico meio intrigada. até por que, foi essa faísca de vontade de escrever que me fez voltar a este blog.

acho esse desejo foi algo que me acompanhou praticamente a vida toda. talvez tenha começado aos nove anos, quando ganhei a competição de frase tema da festa dos pais do colégio, e eu tive a sensação que podia escrever algo e as pessoas podiam gostar. a cara de orgulho do meu pai quando minha frase estava lá escrita bem grande no auditório e todos os outros pais estavam usando camisetas com ela foi impagável. ele até  emoldurou o convite da festa, que tinha a frase  na capa e meu nome embaixo.

depois, quando eu fiquei um tiquinho mais velha, comecei a escrever novelinhas para os colegas do prédio. era super divertido quando todo mundo, à noite, se juntava para ouvir um dos nossos amigos ler alto o mais novo capítulo que eu tinha escrito. era bem besta, mas todos gostavam muito. e eu escrevia como uma máquina.

mas aí meu pai, que continuava morrendo de orgulho de qualquer besteira que eu fizesse, resolveu mostrar minhas historinhas para um amigo escrito e imortal da academia pernambucana de letras. e, para piorar, o cara ainda quis conversar comigo. morri de vergonha, é claro, e, apesar de ele ter sido muito gentil e ter recomendado que eu lesse mais os clássicos para poder escrever melhor, depois disso eu travei.

apesar da boa vontade do meu pai, passei um tempão sem escrever mais nada depois dessa conversa. só que aquela faísca, que nunca me deixou em paz, me fez começar a escrever as tais poesias das quais minha amiga sempre fala alguns anos depois.

mas confesso que o bloqueio continua lá me fazendo ter vergonha das coisas que escrevo. e sempre que a vontade vem, começo a ler loucamente um monte de livros para ver se aprendo alguma coisas, mas não consigo escrever nenhuma linha de ficção ou de poesia. acho que, lá no fundo, penso que a única pessoa que vai gostar do que eu escrever é meu pai, que morre de orgulho de qualquer besteira que eu faça.

daí só consigo mesmo vir correndo pra este blog e usá-lo como cano de escape. e, sinceramente, não sei se conseguirei escrever alguma coisa além destes posts.