pois é... há uns quinze anos eu vivia escrevendo e, surpreendentemente, algumas coisas que eu escrevi, eu gosto até hoje.
sempre que minha amiga vem com essa história, eu confesso que fico meio intrigada. até por que, foi essa faísca de vontade de escrever que me fez voltar a este blog.
acho esse desejo foi algo que me acompanhou praticamente a vida toda. talvez tenha começado aos nove anos, quando ganhei a competição de frase tema da festa dos pais do colégio, e eu tive a sensação que podia escrever algo e as pessoas podiam gostar. a cara de orgulho do meu pai quando minha frase estava lá escrita bem grande no auditório e todos os outros pais estavam usando camisetas com ela foi impagável. ele até emoldurou o convite da festa, que tinha a frase na capa e meu nome embaixo.
depois, quando eu fiquei um tiquinho mais velha, comecei a escrever novelinhas para os colegas do prédio. era super divertido quando todo mundo, à noite, se juntava para ouvir um dos nossos amigos ler alto o mais novo capítulo que eu tinha escrito. era bem besta, mas todos gostavam muito. e eu escrevia como uma máquina.
mas aí meu pai, que continuava morrendo de orgulho de qualquer besteira que eu fizesse, resolveu mostrar minhas historinhas para um amigo escrito e imortal da academia pernambucana de letras. e, para piorar, o cara ainda quis conversar comigo. morri de vergonha, é claro, e, apesar de ele ter sido muito gentil e ter recomendado que eu lesse mais os clássicos para poder escrever melhor, depois disso eu travei.
apesar da boa vontade do meu pai, passei um tempão sem escrever mais nada depois dessa conversa. só que aquela faísca, que nunca me deixou em paz, me fez começar a escrever as tais poesias das quais minha amiga sempre fala alguns anos depois.
mas confesso que o bloqueio continua lá me fazendo ter vergonha das coisas que escrevo. e sempre que a vontade vem, começo a ler loucamente um monte de livros para ver se aprendo alguma coisas, mas não consigo escrever nenhuma linha de ficção ou de poesia. acho que, lá no fundo, penso que a única pessoa que vai gostar do que eu escrever é meu pai, que morre de orgulho de qualquer besteira que eu faça.
daí só consigo mesmo vir correndo pra este blog e usá-lo como cano de escape. e, sinceramente, não sei se conseguirei escrever alguma coisa além destes posts.
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