saindo do aeroporto eu já sabia exatamente onde pegar o
ônibus circular que leva à estação, cujo trem me deixa na porta do hotel quase
hostel onde me hospedo toda vez e que tem um edifício construído por gaudí ao
lado.
gosto tanto daquela cidade (e como fico hospedada numa
região bem central) que quase não tenho vontade de pegar transporte público.
saio andando na direção da cidade velha para me perder e me achar por entre as
ruazinhas estreitas com seus prédios antigos. eu não sei explicar direito o que
sinto quando estou por lá, é uma mistura de deslumbramento e pertencimento e, a
cada cinco minutos, ficava sacudindo meu amigo e falando: “olha, gustavo, estou
em barcelona de novo”!
a novidade boa é que minha hamburgueria preferida que fica
na barceloneta (se chamava kiosco e agora é bacoa), abriu uma filial bem
pertinho do meu hotel-casa e o sanduíche continua tão maravilhoso quando eu
lembrava. o meu preferido é o machego que vem com queijo e cebolas
caramelizadas e eu sempre peço que venha com pão australiano, bacon e batatas
rústicas e com uma cervejinha epidor da moritz para acompanhar. engraçado foi
que, enquanto eu fazia o meu pedido, o rapaz do caixa só fazia concordar comigo
dizendo que era o pedido preferido dele também.
depois do hambúrguer, tive que mostrar ao meu amigo o meu
pub preferido da cidade, o manchester, sujinho, escuro e com cerveja barata, no
bairro el raval. de lá saímos de bar em bar, sem nenhuma indicação, só olhando
pelo lado de fora os que mais nos agradavam provando cervejas espanholas ou não
até terminar a noite na sala apolo, onde dançamos até as cinco da manhã. e o
melhor de tudo foi que fizemos todo o percurso da ida e da volta andando, mesmo
sendo noite.
é, com certeza, uma das cidades mais bonitas que já visitei.
tá... eu já fui a paris e achei bem bonita também, mas eu acho que o ares
catalães combinam muito mais comigo. daí, por favor, não me chamem de louca por
falar que gosto mais de barcelona do que de paris, por que eu gosto mesmo. as
construções de gaudí, a praia, o bairro gótico, as ramblas, o parque de
montjuic... todo o conjunto me agrada
muito.
continuo gostando muito de lá, mesmo depois de ter passado uma experiência traumática com meu amigo que faleceu este ano. andei de ambulância, praticamente morei na sala de espera do hospital enquanto ele estava internado no semi-intensivo e chorei sozinha a noite, pedindo a barcelona que ela, por favor, não me decepcionasse. e ela não me decepcionou e eu trouxe meu amigo são e salvo de volta para casa. este meu retorno foi como fazer às pazes com a cidade e agora sinto que nada do que passei afetou o meu sentimento por ela.
na noite do último dia em barcelona, eu, simplesmente, não conseguia voltar para hotel. pouco importava quantas horas eu havia andado naquele dia, eu queria aquela última voltinha no quarteirão para implorar ao garçom do pub da esquina pela última saideira. se eu pudesse, ainda estava por lá caminhando...
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