quarta-feira, março 22, 2017

pode acabar tudo enfim... mas deixem o frevo pra mim!

meu relacionamento com o carnaval começou muito tarde, principalmente, pelo fato de eu ser uma recifense. para ser exata, o primeiro carnaval que eu brinquei de verdade, foi no ano em que eu completei vinte e oito anos. foi com um coração partido e uma necessidade avassaladora de acabar (seja como fosse) com aquela sensação de abandono, que acabei indo parar nas ladeiras de olinda.

acho que cada pessoa tem o seu jeito particular de reagir à tristeza e, infelizmente, acho que o meu é um tanto destrutivo. hoje em dia, tento me policiar para não reagir de forma tão extremada, mas, naquela época, estava topando qualquer coisa que pudesse me fazer esquecer, nem que fosse por um milissegundo daquela dor que eu estava sentindo. aí foi no meio de ressacas homéricas e várias ficadas sem sentido, que eu dei de cara com o carnaval ali de pano de fundo. cheio de cores, música e alegria, no meio de tanta loucura.

mas com o passar dos anos, muita coisa mudou. me vi apaixonada pela festa como um todo: as fantasias, a música e o frevo, tudo debaixo de sol e regado de muita cerveja. passei por momentos que para mim são bastante memoráveis, como ver o dragão do bloco "eu acho é pouco" descendo a ladeira da rua 15 de novembro, com o sol se pondo ao fundo e todos batendo palmas e cantando "olindaaa... quero cantaaar".  acho que só de pensar nessa cena, eu me emociono um pouco. assim como quando vou para a primeira prévia do ano e escuto o primeiro frevo. não sei explicar, mas é uma sensação maravilhosa.

quando era mais nova, minha família até chegou a me arrastar para olinda, uma vez ou duas. mas como uma boa adolescente metaleira, não podia gostar, né? tinha que manter a pose. até por que eu era tímida por demais e insegura demais sobre a minha aparência, para poder me "expor" assim daquele jeito. além disso, a multidão me amedrontava e muito. mas isso só me mostra como as pessoas são capazes de mudar completamente nesta vida, principalmente se for comparar com a forma que elas agiam na adolescência.

o carnaval deste ano foi completamente diferente do meu primeiro carnaval. foi uma mudança que foi ocorrendo gradativamente. fiz um montão de fantasias e fui  a prévias e blocos muito bem escolhidos, com orquestras de frevo muito boas. inclusive, aprendi este ano que se a orquestra tem uma tuba branca, é sinal de que é de qualidade. conheci pessoas maravilhosas, tão apaixonadas pela folia quanto eu e até mais. acho que, como destaque do ano, tenho que falar do bloco "escuta levino" que sai na quinta-feira antes do carnaval e tem a apresentação do grupo de frevo "guerreiros do passo", que tenta resgatar um pouco do frevo como ele era antigamente. um espetáculo lindo de ver.  este foi meu segundo ano no bloco e tenho certeza que farei de tudo para não perdê-lo de forma nenhuma.

agora, enquanto espero por mais um ano para o próximo carnaval, estou aqui com a inscrição feita num curso de frevo, que vai começar em alguns dias. quem diria, né? e eu tenho certeza que vou adorar.

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